Um pouco mais sobre a ESQUIZOFRENIA

 


Esquizofrenia, considerando a classificação dos transtornos psíquicos pela Psicanálise Freudiana, é uma PSICOSE e, bem mais desestruturante do que a Paranóia. Esquizofrenia é acompanhada de despersonalização, bem como de fenômenos invasivos. A identidade do individuo, a certeza de que a pessoa é "ela mesma" ficam afetadas. A intimidade com o EU tende a se tornar estranha.

Dificulta o correto julgamento sobre a realidade, a produção de pensamentos simbólicos e abstratos e a elaboração de respostas emocionais complexas. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a esquizofrenia não é um distúrbio de múltiplas personalidades. É uma doença crônica, complexa e que exige tratamento por toda a vida.

Caracteriza-se essencialmente por uma fragmentação da estrutura básica dos processos de pensamento, acompanhada pela dificuldade em estabelecer a distinção entre experiências internas e externas. Embora seja primariamente uma doença que afeta os processos cognitivos, os seus efeitos repercutem-se também no comportamento e nas emoções.
Os sintomas da esquizofrenia não são os mesmos de indivíduo para indivíduo, podendo aparecer de forma gradual ou, pelo contrário, manifestarem -se de forma explosiva e instantânea.

Causas:
São vários os fatores que estão na origem da esquizofrenia. Resumidamente podemos dizer que existe uma causa genética, neurobiológica e psicanalítica.

Genética:
Vários genes em combinação são responsáveis por estas alterações cerebrais. O ambiente, ou seja, as relações vitais que a pessoa estabelece funcionam como fatores estressores que contribuem para que estes genes ligados se ativarem e a doença apareça. Não existem fatores psicológicos ou ambientais que causam a esquizofrenia, mas sim fatores de vida que são gatilhos para o início das alterações cerebrais da doença.

Neurobiológicas:
As teorias neurobiológicas defendem que a esquizofrenia é essencialmente causada por  alterações bioquímicas e estruturais do cérebro, em especial uma disfunção na concentração de dopamina, um importante neurotransmissor, 
presente no cérebro, embora existam também alterações nas concentrações de outros neurotransmissores envolvidos. A maioria dos anti-psicóticos atua precisamente nos receptores da dopamina no cérebro, reduzindo a produção endógena deste neurotransmissor. Exatamente por isso, alguns sintomas característicos da esquizofrenia podem ser desencadeados por fármacos que aumentam a atividade da dopamina, por exemplo, as anfetaminas. Esta teoria é parcialmente comprovada pelo fato de a maioria dos fármacos utilizados no tratamento da esquizofrenia atuarem através do bloqueio dos receptores da dopamina.

Psicanalítica:
Os impulsos primitivos, anteriormente rejeitados e temidos pelo ego, invadem o campo  consciente, obrigando o ego a uma última defesa: a perda de coerência do pensamento ou seja, a destruição do processo cognitivo, por não suportar lidar com determinados conflitos.
Impulsos primitivos, de forma geral, são tendências, desejos, sentimentos que a pessoa teme, e não admite tê-los.

Fatores de risco:
Sabe-se que alguns fatores são gatilhos importantes para o início das alterações neuroquímicas cerebrais e para o posterior aparecimento dos sintomas da doença no comportamento do indivíduo:

-História familiar de esquizofrenia: as chances são de 10% se tiver um irmão com esquizofrenia, 18% se tiver um irmão gêmeo não idêntico com esquizofrenia, 50% se tiver um irmão gêmeo idêntico com esquizofrenia e 80% se os dois pais forem afetados por esquizofrenia;

-Ser exposto a toxinas, vírus e à má nutrição dentro do útero da mãe,
especialmente nos dois primeiros trimestres da gestação

-Problemas no parto como falta de oxigênio (hipóxia neonatal)

-Ter um pai com idade mais avançada
-Uso de maconha

-Tabagismo.

Sintomas:
Os sintomas de esquizofrenia no sexo masculino costumam aparecer entre os 15 e 20 anos. Já em mulheres, os sinais da doença são mais comuns beirando os 30 anos de idade. Embora seja raro, também é possível o aparecimento da esquizofrenia em crianças e adultos com mais de 50 anos.
A esquizofrenia é a principal doença de um grupo de transtornos psíquicos psicóticos e, é comum o paciente apresentar alterações comportamentais decorrentes das lesões cerebrais que este quadro agudo provocou como por exemplo distúrbios cognitivos (pensamento, atenção, tomada de decisão, raciocínio abstrato, linguagem, etc) e emocionais (apatia, falta de motivação, falta de prazer, depressão, etc).


Delírios (menos acentuados do que na Paranoia)
São alterações decorrentes da forma como o cérebro está captando a realidade e produzindo a crítica sobre a mesma. As alterações nestas áreas do cérebro produzem crenças convictas em fatos e percepções que não são compartilhadas pelas outras pessoas. Uma pessoa delirante tem certeza que está sendo prejudicada de alguma forma ou capta sinais em coisas que estão acontecendo à sua volta e chega a conclusões que não são racionais (por exemplo, achar que os sinais de trânsito estão vermelhos porque são um sinal de uma emboscada que está sendo armada para ele ou mesmo acreditar que mensagens subliminares estão sendo enviadas a ela através de apresentadores de TV a partir da forma como eles estão se comportando no programa).


A pessoa com esquizofrenia pode acreditar também que seu pensamento está sendo controlado por algo ou alguém que está distante ou que ela própria consiga controlar o pensamento das outras pessoas. Os delírios mais comuns são os de estarem sendo vigiados ou perseguidos por alguém, mas existem delírios de vários outros tipos como por exemplo: de estarem controlando os outros, de estarem sendo controlados, de terem criado fui inventado algo, de estarem sendo traídos, de serem culpados por alguma catástrofe ou de estarem sendo infestados por parasitas dentro do corpo.


Alucinações

São alterações na forma como o cérebro percebe os estímulos do meio e se caracterizam pela percepção de estímulos que não existem ou que não estão sendo percebidos pelas outras pessoas como por exemplo ver coisas que só ela vê ou ouvir coisas que apenas ela escuta. No entanto, para a pessoa com esquizofrenia, essas coisas têm toda a força e o impacto de uma experiência normal. As alucinações podem estar em qualquer um dos sentidos, mas ouvir vozes é a alucinação mais comum de todas. A pessoa pode também falar sozinha interagindo com vozes que esteja ouvindo ou com imagens ou pessoas que esteja vendo.

Pensamento desorganizado
Esse sintoma pode ser refletido na fala, que também sai desorganizada e com pouco ou nenhum nexo. A ideia de que pensamento desorganizado é um sintoma da esquizofrenia surgiu a partir do discurso desorganizado de alguns pacientes.
Para os médicos, os problemas na fala só podem estar relacionadas à incapacidade de a pessoa formar uma linha de pensamento coerente. Neste sentido, a comunicação eficaz de uma pessoa portadora de esquizofrenia pode ser prejudicada por causa deste problema, e as respostas às perguntas feitas podem ser parcial ou completamente alheias e desconexas.

Habilidade motora desorganizada ou anormal
O comportamento de uma pessoa com esse tipo de disfunção não é focado em um objetivo, o que torna difícil para ela executar tarefas. Comportamento motor anormal pode incluir resistência a instruções, postura inadequada e bizarra ou uma série de movimentos inúteis e excessivos.

Outros sintomas
Além dos sinais citados, outros parecem estar relacionados com a esquizofrenia.
Uma pessoa com a doença pode:
-Não aparentar emoções ou apresentar apatia emocional (indiferença afetiva)

-Não alterar as expressões faciais

-Ter fala monótona e sem adição de quaisquer movimentos que normalmente dão ênfase emocional ao discurso

-Diminuição da fala e prejuízo da linguagem

-Negligência na higiene pessoal

-Perda de interesse em atividades cotidianas

-Isolamento social

-Incapacidade de conseguir sentir prazer.

(Gilberto Luiz de Souza - Psicanalista Clínico - Professor de Psicanálise - Hipnólogo)






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